• A filosofia como ferramenta educativa

É próprio do ser humano a busca pelo conhecimento. O homem precisa conhecer a si próprio e o meio em que vive para poder se realizar como indivíduo social. A tradição clássica nos mostra uma corrente que une mestres e discípulos ao longo da história e que nos conecta com o princípio das causas, com aquilo que nos faz compreender o que somos e aonde podemos chegar. Um futuro não se constrói sem passado, da mesma forma como não podemos contruir um prédio se não conhecemos os pilares que o sustentam.

A história é repleta de grandes gênios que revolucionaram seu tempo, em condições menos favoráveis que as nossas onde muito estava por ser descoberto e muito pouco ainda se conhecia. Essa barreira cultural criou homens de grandes idéias e ações, que tiveram que quebrar paradigmas de sua época e em muitos casos arriscar sua própria vida, pelo amor ao conhecimento.

Por compreenderem a natureza das causas, possuíam uma visão ampla e muito mais profunda que a nossa a respeito das coisas. Hoje nossas bibliotecas estão cheias de obras destes grandes mestres, cada uma lado a lado, sem barreiras culturais nem fronteiras temporais, sem que precisemos enfrentar exércitos nem fugir de fogueiras, apenas demonstrar a vontade de aprender. A questão é, o que temos aprendido com estes mestres? Ou melhor, será que estamos sendo dignos de tamanho legado cultural?

A filosofia por muito tempo ficou adormecida no coração dos homens. Temos passado por um fenômeno interessante em nossa história, onde, diferente da antiga idade média, não carecemos mais de informação e conhecimento, mas pelo contrário, sofremos com seu excesso e falta de referencial. Estudos comprovam que o conhecimento tem evoluido de forma exponencial, pois a cada dia agregamos mais informações, teorias e métodos a uma mesma idéia.

A otimização de processos tem sido regra na vida caótica de uma sociedade que não tem mais tempo para nada. Otimizamos nossas tarefas, nossa comunicação, nossa forma de agir e de pensar. Os conceitos prontos e as idéias formadas tomaram lugar à nossa capacidade de investigação e de questionar sobre as coisas. Estamos aos poucos perdendo nossa condição humana, de questionar sobre o meio em que vivemos e procurar aprender com cada experiência. Isso que nos faz filósofos.

Felizmente, como em qualquer processo histórico e natural, há ciclos e transformações. Alguns educadores tem percebido a ineficácia do atual sistema de ensino, que não tem mais levado os alunos a procurarem pelo conhecimento, mas apenas a aceitar o que lhes é ensinado, como regra absoluta. Esse processo massivo de educação não tem preparado os alunos para a vida, a enfrentarem problemas e gerar soluções criativas, mas apenas a executar aquilo que aprenderam. A falta de investigação acaba condicionando a capacidade criativa do aluno e a falta de vivência prática daquilo que aprende o distância de sua real vocação.

Com base nestes argumentos, algumas iniciativas tem surgido como tentativa de resgatar essa condição primeira da educação, a formação humanista. Recentemente a filosofia voltou a integrar a grade curricular de muitas instituições de ensino preenchendo a lacuna deixada pela formação tecnicista. Metodologias de ensino com base na formação humana tem ganhado destaque em grandes centros acadêmicos e os critérios na formação e avaliação dos alunos tem passado por reformas.

A informática como grande aliada passou a apresentar ferramentas redimensionadas para as atuais necessidades e um novo campo de conhecimento se abriu, aliando tecnologia e conhecimento. A internet passou a prover informação de forma qualificada e muitas portas se abriram para a inclusão tecnológica de novos usuários, agregando novos recursos que facilitam o acesso a informação. Uma nova fase se inicia, introduzindo a sociedade do conhecimento na era da informação.